Publicação de Recursos

Jogos Santa Casa mantêm-se ao lado dos atletas no apoio às carreiras duais

14 Maio 2025



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Realizou-se esta quarta-feira, na Sala de Extrações da Santa Casa de Misericórdia de Lisboa, a cerimónia de entrega Bolsas de Educação Jogos Santa Casa no âmbito do Programa IMPULSO.  

Neste ano letivo 2024/2025, foram atribuídas 51 bolsas — distinguidos foram nove atletas do Projeto de Preparação Paralímpica e do Projeto Esperanças Paralímpicas, um do Projeto de Preparação Surdolímpica e 41 do Projeto de Preparação Olímpica e do Projeto de Esperanças Olímpicas — no valor total de 140 mil euros. 

Incentivar e ajudar os atletas a conciliar a carreira académica com a desportiva e, assim, evitar o abandono prematuro do desporto de alto rendimento é o objetivo maior do Programa IMPULSO, que este ano celebra a sua 12.ª edição e contemplou, pela primeira vez, atletas do Tiro e Patinagem de Velocidade num lote de 16 modalidades.  

Na primeira pessoa, Daniel Videira, mestre em Ciências Farmacêuticas e a frequentar uma pós-graduação em Direito do Desporto, sublinhou a importância desta iniciativa. 

«A Bolsa permitiu-me, numa primeira fase, abdicar de exercer a minha atividade profissional para me dedicar à preparação para os Jogos enquanto continuava a aprofundar a minha formação. Agora, na fase final da carreira, usei esse apoio para ganhar competências em Direito do Desporto, capacitando-me para continuar ligado ao desporto de uma forma diferente», afirmou o agora antigo nadador paralímpico, que integra, como Vogal, o elenco da Comissão Executiva do Comité Paralímpico de Portugal. 

Nuno Esteves, atirador surdo a frequentar a licenciatura em Design Geral no IADE e que em novembro, em Tóquio, vai estrear-se nos Jogos Surdolímpicos, destacou o incentivo adicional que a Bolsa de Educação Jogos Santa Casa representa: 

«É muito difícil conseguir conciliar a parte académica com os objetivos desportivos que pretendo atingir. O tempo em Lisboa passa muito depressa, as deslocações e os treinos diários, por vezes de manhã e à tarde, exigem uma dedicação maior. O cansaço é grande. A Bolsa veio dar-me um incentivo adicional para não desistir dos estudos.» 

Também Inês Mendes, praticante olímpica de atletismo e a frequentar a licenciatura em Psicologia, não tem dúvidas sobre a importância das bolsas:  

«O programa tem-me ajudado imenso, pois não só é motivador para a conciliação da alta competição com o ensino superior, como ajuda a pagar algumas despesas inerentes, como as propinas e viagens.» 

Para o nadador olímpico. Miguel Nascimento, estudante de Gestão de Empresas, «ser bolseiro deste programa representa um reconhecimento importante e um incentivo essencial para continuar a dar o melhor como atleta e estudante».  

«Esta bolsa é um apoio fundamental para conseguir conciliar os estudos com a exigência da alta competição, permitindo-me continuar a investir no meu futuro dentro e fora do desporto», declarou. 

Com o mote 'Juntamos a educação à ambição desportiva', o Programa IMPULSO | Bolsas de Educação Jogos Santa Casa nasceu em 2013, tendo como parceiros o Comité Paralímpico de Portugal (CPP) e o Comité Olímpico de Portugal (COP). Desde a sua primeira edição já atribuiu 521 Bolsas a 256 atletas de 28 modalidades, num valor superior a 1,4 milhões de euros.  

José Manuel Lourenço, presidente do Comité Paralímpico, sublinhou, por isso, a importância de um momento raro e verdadeiramente inclusivo, com a capacidade de juntar na mesma sala «as duas entidades da cúpula do Desporto português, atletas, dirigentes federativos e entidades públicas», mas não deixou de reiterar que a dezena de bolsas atribuídas a atletas dos universos Paralímpico e Surdolímpico, ainda que não deixe de ser um significativo apoio, prova uma evidência que não pode ser desmentida, mas que deve ser contrariada: a falta de atletas.  

O apelo a uma salutar prática desportiva, que antes do alto rendimento garante maior qualidade de vida, ficou feito. E o presidente do CPP apontou o exemplo de Cristina Gonçalves, campeã paralímpica presente na cerimónia em representação dos bolseiros do boccia. 

«Como costumo dizer, não encontro uma pessoa com deficiência que não tenha um sorriso feliz. Vejam, por exemplo, o sorriso da Cristina, que foi medalha de ouro em Paris. Ela pode dar-nos um doutoramento em matéria de ganhar medalhas. Ela conquistou uma medalha de ouro 20 anos depois ter ganhado a primeira medalha de ouro e isso é uma coisa fantástica», fez notar José Manuel Lourenço, exortando a sala a ovacionar a campeã paralímpica. 

O presidente do CPP sublinhou, igualmente, a importância das famílias, bem como a necessidade de apoiar clubes e federações para garantir mais e melhores condições aos atletas. E, também por isso, o Programa IMPULSO «faz a diferença» para muitos. 

«Se não for pelo valor, é porque que segura o atleta. É um incentivo. O sucesso académico acompanha o sucesso desportivo. Os atletas com bons resultados desportivos, normalmente, também conseguem bons resultados académicos», declarou José Manuel Lourenço, olhando para Daniel Videira, que com um mestrado soube conciliar o alto rendimento com a academia e com a profissão, e lançando uma comparação entre o Programa IMPULSO e o programa de alto rendimento nas escolas, conhecido como UAARE, também com «sucesso extraordinário». 

O presidente do CPP, assim, apelou a que a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa mantenha o Programa IMPULSO «no futuro e que, se possível, o reforce». 

«Se o reforçar está, com certeza, a investir no futuro de muita gente, porque essa gente quando está a estudar, quando está no alto rendimento, está a tratar do seu futuro, está a querer garantir que depois da carreira desportiva vem uma carreira profissional.  O desporto ajuda a quebrar barreiras, a mudar mentalidades e, através disso, abrem-se muitos novos caminhos. A Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, através deste projeto, está, com certeza, a contribuir para que todos tenhamos um futuro mais justo e inclusivo», assinalou o presidente do CPP. 

«A opção certa» 

O apelo de José Manuel Lourenço foi ouvido pelo Provedor da Santa Casa, Paulo Sousa, que deixou uma garantia. 

«Estas bolsas são mais do que uma ajuda financeira, são o reconhecimento do talento, são um incentivo para que continuem a investir no vosso futuro. Estamos ao vosso lado. É com orgulho que a Santa Casa continua a apoiar e a promover a atribuição destas bolsas, considerando que faz parte do seu compromisso e da sua missão. É nosso propósito não só continuar, como é também desenvolver este programa. Que não haja dúvidas, continuam a contar connosco. Às vezes, mesmo em momentos difíceis, com planos de reestruturação e opções para tomar, o que está em causa é tomar as opções certas. E esta é uma opção certa, continuarão a contar com o nosso apoio», assegurou o Provedor, lembrando ser este «um dia especial, não só para todos os jovens» que recebem este apoio, «mas também para todos aqueles que acreditam na importância da educação e do desporto como ferramenta de transformação e também de crescimento». 

Na sua intervenção, o presidente do Comité Olímpico de Portugal, Fernando Gomes, fez notar que o Programa IMPULSO «é a prova evidente da importância que teve para todos aqueles que dele já beneficiaram, para poderem conciliar de uma forma mais harmoniosa as carreiras desportiva e académica». 

O secretário de Estado do Desporto, Pedro Dias, encerrou a cerimónia destacando que as bolsas «são uma oportunidade única para que jovens possam alcançar o seu potencial máximo e conquistar os seus e sonhos». 

Lista dos atletas paralímpicos e surdolímpicos bolseiros no ano letivo 2024/2025: 

Atletismo: Cristiano Silva Pereira. 

Badminton: Beatriz Monteiro. 

Boccia: Catarina Monteiro, David Araújo, Diogo Castro e Francisco Gouveia. 

Natação: Daniel Videira, João Fidalgo e Tomás Cordeiro. 

Tiro: Nuno Esteves. 

Lista dos atletas olímpicos bolseiros no ano letivo 2024/2025: 

Atletismo: Francisco Belo, Inês Mendes, João Coelho, João Fernandes, Lourenço Rodrigues e Mariana Pestana. 

Canoagem: Ana Brito, Ana Margarida Rodrigues, Beatriz Fernandes, Duarte Cerdeira, Gustavo Gonçalves, Iago Bebiano, Inês Penetra, João Casinha, João Castro Silva, Maria Francisca Gomes, Maria Regina Oliveira e Ricardo Gonçalves. 

Esgrima: Maria Alvim. 

Ginástica: Miguel Marianito. 

Judo: Catarina Costa, Diogo Luís, Mafalda Silva, Raquel Brito, Rochele Nunes e Taís Pina. 

Natação: Angélica André, Camila Rebelo, Kevins Apseniece e Miguel Nascimento. 

Patinagem de Velocidade no Gelo: Jéssica Rodrigues. 

Remo: André Pinto. 

Ténis de Mesa: Matilde Pinto. 

Tiro com Armas de Caça: Inês Barros. 

Triatlo: João Nuno Batista e Maria Tomé. 

Vela: Beatriz Gago, Carolina João, Diogo Costa, Eduardo Marques e Francisco Uva Sancho. 

 



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